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O ano de 2024 marca o 50º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre China e Brasil. Ao longo das últimas cinco décadas, essa relação bilateral tem sempre mantido um desenvolvimento estável, independentemente das rápidas mudanças no cenário internacional. A cooperação entre China e Brasil não apenas promove o desenvolvimento dos respectivos países, mas também contribui para a paz, a estabilidade e a prosperidade do mundo, servindo como modelo para relações entre os países do Sul Global, bem como entre as potências em desenvolvimento.
O Brasil foi o primeiro país no mundo a estabelecer uma parceria estratégica bilateral com a China, o primeiro a estabelecer uma parceria estratégica abrangente com a China na América Latina e o primeiro a elevar suas relações bilaterais com o país ao nível global, tendo o objetivo de
construir juntos a comunidade China-Brasil com um futuro compartilhado para um mundo mais justo e um planeta mais sustentável.
Assim, as relações sino-brasileiras sempre estiveram na vanguarda, não apenas quanto às relações da China com países em desenvolvimento, mas também quanto a todos os países do mundo. Cooperações culturais, educacionais e acadêmicas são a chave que sustenta a Parceria Estratégica Abrangente entre China e Brasil. Segundo dados do Centro de Estudios Chinos y Latinoamericanos (CECLA), no final de novembro de 2024 havia mais de 50 universidades na China (incluindo Macau) oferecendo ensino de português e mais de 70 institutos focados na América Latina e no Brasil; por sua vez, o Brasil concentra 12 dos 57 Institutos Confúcio e mais de 40 dos 116 institutos voltados para a China na América Latina e no Caribe. Esses números demonstram que tanto a China quanto o Brasil estão bastante interessados em fortalecer seu entendimento mútuo e que há um vasto espaço para a coprodução de conhecimento entre os dois países.
Em 2022, a Academy of Contemporary China and the World Studies (ACCWS) e o CECLA iniciaram a Pesquisa sobre Estudos Chineses no Brasil (the Survey of Chinese Studies in Brazil, em inglês). O objetivo do levantamento é identificar oportunidades para intercâmbios e cooperações acadêmicas, além de facilitar a construção de uma Comunidade Acadêmica Brasil-China, com base em uma compreensão completa das características e necessidades dos estudos chineses no Brasil. Assim, busca-se contribuir para o desenvolvimento sinérgico dos Estudos Brasileiros na China e dos Estudos Chineses no Brasil.
A pesquisa conjunta será o principal caminho para construir uma Comunidade Acadêmica Brasil-China. O levantamento mencionado revelou que a pesquisa conjunta não é apenas o principal meio de realizar estudos chineses na academia brasileira atualmente, mas também um apelo urgente da maioria dos acadêmicos brasileiros que se dedicam ao estudo da China. Esse apelo foi atendido no nível dos dois governos. A declaração conjunta emitida durante a visita do presidente Lula à China, em abril de 2023, enfatizou explicitamente que a cooperação acadêmica, os intercâmbios de professores e estudantes, bem como o ensino de chinês e português, continuariam sendo promovidos e fortalecidos.
Além disso, o Ministro da Educação da China, Sr. Huai Jinpeng, visitou o Brasil de 25 a 27 de novembro de 2024, para implementar o consenso alcançado entre o presidente Xi Jinping e o presidente Lula no campo da educação, durante a visita de Estado de Xi ao Brasil no mesmo mês. O Sr. Huai e seus colegas brasileiros discutiram a criação de um diálogo ministerial sobre educação e alcançaram um amplo consenso sobre a cooperação em áreas como formação de talentos, ensino de idiomas para pesquisa científica, educação profissional, educação digital, entre outras, e assinaram um Memorando de Entendimento (MOU) sobre o reconhecimento mútuo de qualificações e diplomas de ensino superior, entre outros. Essas ações darão um novo impulso aos intercâmbios e à cooperação sino-brasileiros nas áreas educacional e acadêmica.
A pesquisa também revelou que os institutos e acadêmicos brasileiros têm dado mais atenção às questões da China contemporânea, refletindo o grande interesse do Brasil pela China como potência emergente, e ao desenvolvimento de suas relações com o país. À medida que Brasil e China elevam sua relação para “construir conjuntamente a comunidade China-Brasil com um futuro compartilhado para um mundo mais justo e um planeta mais sustentável”, a demanda por compreensão mútua se tornará ainda mais forte.
Nesse contexto, o CECLA e a Observa China 观中国 lideraram a promoção dos estudos brasileiros na China e dos estudos chineses no Brasil, iniciando a comunidade da Observa Brachina. Acreditamos que a criação de uma Comunidade Acadêmica Brasil-China não é apenas um suporte intelectual para a construção de outros “50 Anos Dourados” nas relações China-Brasil, mas também uma ação prática a fim de estreitar os laços culturais e preparar conjuntamente o Ano da Cultura Brasil-China em 2026.
Tradução por Renata Moraes
Foto por Element5 Digital, Pexels
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Este artigo faz parte do projeto Revista Sinóptica 提纲. Saiba mais sobre este e outros projetos aqui.
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