Alexandre Metelo de Sousa e Meneses (1687-1766), ou Mai De Le 麦德乐 na China, teve seu nome adaptado com simbolismo confucionista: Mai remete ao cereal típico de Guangdong, De às virtudes morais, e Le à alegria. Acompanhado pelo jesuíta António de Magalhães (1677-1735), Metelo chegou a Beijing em 18 de maio de 1727, sendo recebido pelo Imperador Yongzheng dez dias depois. Durante a estadia, visitou o Palácio Yuanmingyuan, uma obra-prima arquitetônica destruída no século XIX.
Embora o pedido de livre divulgação da fé católica na China não tenha sido atendido, a missão marcou um diálogo amistoso entre culturas. Presentes trocados incluíram joias, armas e vinhos de Portugal por seda, porcelana e chá da China, exemplificando o comércio pela Rota Marítima da Seda. A missão ocorreu durante o Kangqian Shengshi 康乾盛世, período áureo da Dinastia Qing, que valorizava ciências ocidentais e tinha missionários, como Tomás Pereira, em papéis de destaque.
Na Europa, o Iluminismo encontrava inspiração na China. Leibniz estudou o Yi Jing 易经 e Voltaire admirava o confucionismo. A porcelana chinesa influenciou a produção europeia, enquanto o fascínio mútuo pela ciência e arte fomentou a chinoiserie. Exemplos desse intercâmbio estão na Biblioteca Joanina e na Sala Chinesa da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC), símbolos de um diálogo cultural sofisticado.
Esse fascínio pelo “outro,” descrito por Baudelaire, alternou entre desejo e preconceito. Como propôs Gerd Baumann, apenas o amor pode transcender fronteiras. Hoje, a diplomacia cultural surge como ferramenta para honrar esse legado, promovendo entendimento entre culturas. Redescobrir o espírito iluminista, como sugeriu Italo Calvino, pode unir especializações em prol de uma visão humanista. Que os diálogos sino-europeus avancem com esse espírito, mais necessários do que nunca.
Foto de Larissa Mondego Furtado
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